jueves, 28 de enero de 2010

1969-Colégio Santanópolis - Feira de Santana / ba

Nota del pesquisador: JOSÉ CISNANDO LIMA
Ensinou Biologia no Colégio Santanópolis
foto:
Festa Folclórica
2º Ano Pedagógico - 1969
Aula de Geografia - Equipe Pluft
Componentes:
Ana Amelia (capoeira), Ana Virgílio (berimbau), Laura (bahiana), Maria de Fátima (pandeiro), Maria José (pote), Maria Juçaria (bahiana), Marlene (capoeira),Neide (reco-reco)
ÁREA COBERTA foi a segunda quadra esportiva coberta no Estado da Bahia, a outra era do ICEA em Salvador, e a primeira do interior, como na época, década de 40, os clubes sociais de Feira de Santana eram as três filarmônicas: 25 de março, Vitória e Euterpe, e suas sedes muito pequenas, não podiam ter uma festa desse porte. Vejam que tipo de festa, as mulheres de lindos vestidos de baile e os homens todos de smoking, realmente trajes de gala, e chama a atenção não existir, nesse tempo, lojas para alugar roupas como hoje.
Atualmente os Ginásios Esportivos tem a expressão “MULTE ESPORTES”, mas realmente a quadra mostrada é que era de “MULTE USO”. Ali tiveram grandes jogos de Basquete e Voleibol com as equipes do Santanópolis, da Escola Normal, e do Exercito Brasileiro: dos Oficiais e Suboficiais (tinha um batalhão em Feira de Santana com cerca de 3.000 homens).
Toda grande solenidade, mesmo as que não eram do Ginásio, passava por essa quadra.
Interessante é que ainda não existia Futebol de Salão, no entanto os alunos jogavam nesta quadra um jogo muito parecido com o futsal de hoje. Tinha luta de Box, luta livre etc.
Lembro-me de um jogo de basquete com um time de Rio de Janeiro, se não me falha a memória pois, era criança, tinha um jogador espetacular chamado Epaminondas e fazia um tipo de cesta que passamos anos tentando imitá-lo.
SEGURAMENTE, O SANTANÓPOLIS NÃO ERA UMA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL COMUM.
Lá em cima a equipe do Ginásio Santanópolis: só identifiquei dois: o de roupa branca segurando o mastro, Hélio Brasileiro e da ponta direita agachado, Salomão. Esta camisa é de malha Bordô (cor de vinho), com frisos e nome em verde sumo. È tão espetacular esta camisa que apesar das cores fortes, tenho uma e até hoje não desbotou. Cerca de vinte anos mais tarde tive uma casa de comércio de artigos esportivos “TUDO SPORT”, fui a São Paulo e comprei camisa na Fábrica “CÊPO” de uma família de alemães, contei porque estava lá, queriam que mandasse a camisa para eles, mas não mandei.

miércoles, 27 de enero de 2010

1907-SANTOS-JORNALEIROS hábiles capoeiras

foto: Grupo de populares defronte ao Empório Sul Riograndense (praça Rui Barbosa, esquina da Rua do Comércio), destacando-se na primeira fila pequenos jornaleiros. Foto de 1907
Texto publicado no Almanaque da Baixada Santista - 1973, editado por Olao Rodrigues e produzido por Bandeira Júnior, da editora Indicador Turístico de Santos, de Santos/SP:
Pequeno jornaleiroIgnácio Rosas de Oliveira (*)
Foi celebrado em prosa e verso, imortalizado na pedra e no bronze, em pequenos troféus conferidos anualmente. No Rio de Janeiro há uma casa - parece que hoje transformada em Fundação - que leva seu nome.
Vendia pelas ruas o pão do Espírito, da mesma forma que outros meninos vendiam pão mesmo ou guloseimas que punham água na boca, preparadas pelas mãos de fada de mães carinhosas e abnegadas, à cata de mais alguns níqueis para as despesas do lar.
Era o pequeno jornaleiro, hoje uma figura do Passado, que fazia parte da paisagem humana das grandes cidades.
***
Aqui em Santos existiram muitos. Via de regra eram garotos escanifrados, alguns mal saídos da primeira infância. Os tipos eram os mais variados: brancos, pretos, louros, claros, mestiços. Brigavam por qualquer coisa, às vezes por nada - com as mãos, pés e ... cabeça. Eram habilíssimos para dar uma rasteira ou cabeçada, estatelando o adversário no solo. Não procediam como os moleques de hoje, que usam lâminas de barbear, canivetes e até facas em suas brigas.
Mas eram unidos - como soem ser os humildes. Mordiscavam juntos o pedaço de pão dormido que os mais afortunados traziam no bolso, misturado com fieira e pião, bolinhas de gude, tampas de garrafas e caroços de abricó, ingredientes utilizados em seus jogos infantis.
No bolso traseiro o estilingue, com o qual abatiam avezitas descuidadas, nos caminhos dos morros ou na galharia dos jamboleiros à margem dos canais. Às vezes tal arma servia para defesa contra algum atrevidaço que com eles se metesse.

martes, 26 de enero de 2010

libro:PENTEADO, Jacob. Belenzinho, 1910 (Retrato de uma época). São Paulo, Livraria Martins Editora, 1962, pp. 215-218.

Na rua Conselheiro Cotegipe (...) havia uns casebres, para dentro do alinhamento, com um terreiro e um vasto quintal, aos fundos, habitados por negros. Muitos deles, diziam-se ex-escravos. Na época, era difícil encontrar-se um negro velho que não se dissesse antigo escravo e veterano do Paraguai... No dia 12 de maio, à véspera, portanto daquela data, à boca da noite, começavam a chegar negros que nem formiga. Vinham sozinhos ou em magotes, todos empunhando os mais variados instrumentos: bombos, chocalhos, pandeiros, atabaques, triângulos, maracas, tamborins, reque-reques, puítas, urucungos, marimbas, adufes e outros, herdados, quiçá, dos seus ancestrais africanos. Surgiam tantos, que parecia incrível coubessem naquele reduto. Seu chefe era o Barnabé(...) O samba de então era bem diferente do atual. Não passava de um exótico amálgama das numerosas danças regionais, da capoeira, do lundu, do jongo, do batuque, do cateretê etc. Depois dos comes-e-bebes, de muita cachaça ou quentão, os negros animavam-se, e aí começava o samba de roda. Sob o som infernal dos instrumentos de percussão, onde se destacava o toque surdo dos bombos e dos tambores, iniciava-se a noitada. Formava-se uma roda no terreiro um dos parceiros pulava para o centro e começava a cantar, saracoteando-se todo: 'Oi, embaré, oi embará! Balança que pesa oro não pode pesa metá!' (...) O batuque ia esquentando. Em pouco tempo, vários pares pulavam no centro da roda, enquanto os demais batiam palmas, compassadamente. Eram movimentos alucinantes, desenfreados, contorsões grotescas, sem ritmo nem graça, numa coreografia primitiva, onde as negras de bunda grande ( negras iça ) remexiam loucamente as cadeiras, lascivas e lúbricas, entre tapas e beliscões nas partes mais salientes. E o coro prosseguia (...) E nessa toada varavam a noite. No fim, nada mais se entendia. era uma sarabanda de mil diabos, um caia por cima do outro, numa promiscuidade danada. Muitos pares sumiam para o fundo do quintal, onde havia umas bananeiras e pés de mamona. Na roda, ainda resistiam alguns, dançando, ou melhor, pulando alvoroçados, num insuportável intercâmbio de bodum. E o samba continuava até o dia raiar3.

3 PENTEADO, Jacob. Belenzinho, 1910 (Retrato de uma época). São Paulo, Livraria Martins Editora, 1962, pp. 215-218.

domingo, 24 de enero de 2010

EDUCAR OU PUNIR? PERMANÊNCIAS HISTÓRICAS NA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
Pedro Roberto da Silva Pereira Rio de Janeiro 2005


Permaneceu ainda no nosso primeiro Código de Menores, de 1927, onde também havia uma norma racista, o seu art. 78: “os vadios, mendigos, capoeiras, que tiverem mais de dezoito anos e menos de vinte e um anos, serão recolhidos à Colônia Correcional, pelo prazo de um a cinco anos”.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/D17943A.htmEntão o menino se fosse maior de dezoito anos, ficava internado ainda até cinco anos, bastando a sua condição racial e cultural de ser capoeira.
O primeiro Código de Menores perdurou até 1979. A conceituação do capoeira deixa de ser dogmatizada, normatizada – a capoeira acabou sendo apropriada pela cultura oficial. Mas permanece a prática racista dessas normas. Para Verani os ―capoeiras‖ modernos são os rotulados de ―pivetes‖, ―trombadinhas‖ ou os ―vapores‖ dos morros que servem como mão-de-obra descartável do tráfico, são na verdade os ―capoeiras‖ do século XX e XXI, que continuam sendo mortos, eliminados ou presos com uma fundamentação jurídica que é ainda do Código Penal de 1890 e do Código de Menores de 1927
http://www.renade.org.br/midia/doc/dissertacao-pedro.pdf

viernes, 22 de enero de 2010

1905- Capoeiras en Manaus


libro: Sistema Penitenciário do Amazonas - História – Evolução – Contexto Atual‎ - Página 80Carlos Lélio Lauria Ferreira e Luís Carlos Valois
... perigosos todos – capoeiras, batedores de carteira, passadores de contos do vigário, arrombadores de casas, inteiramente desconhecidos da polícia deste

miércoles, 20 de enero de 2010

AS TENSÕES RACIAIS E AS REELABORAÇÕES DAS SOCIABILIDADES
EM SÃO PAULO: UM OLHAR SOBRE OS MEANDROS DA
CONFIGURAÇÃO MUSICALIDADE AFRO-BRASILEIRA, 1890-1940

Os habitantes da Barra Funda podiam participar de várias atividades de
lazer e reuniões comunitárias festivas, tais como as rodas de partido alto, de capoeira e de pernada. Os homens negros do bairro da Barra Funda eram exímios capoeiristas e habilidosos passistas de samba, reconhecidos valentes nas rodas da malandragem paulista, apelidados como “negros da Glete” ou os “bambas da Barra Funda”, destacando também por sua “ginga” nos campos de futebol.(MORAES: 1997, 63) Desses grupos da Barra Funda surgiram blocos e cordões do carnaval paulistano, como assinala um dos fundadores do Grupo Carnavalesco da Barra Funda, o Sr. Dioniso Barbosa, em um relato 1981, registrado pela antropóloga Ieda M. Britto Hori:
Os valentes, da pesada, da Glette, me esperavam na esquina com a Av. São João para ver se eu tinha 400 réis para pagar pinga para eles. Quando nós dávamos baile aqui, eles ficavam no bar da esquina a noite inteira, prontos para entrar ‘se houvesse qualquer coisa’. Eles não entravam, mas gente do bairro eles protegiam.(...) Eles ensacavam. Quando não tinha serviço no Paulo Chaves, aquele armazém grande que tem atrás da Sorocabana, ali, na Conselheiro Nébias, eles iam para Santos atravessar saco de café de um armazém a outro a 200 réis cada um. Vinham no sábado com dinheiro para comprar a vez da dança no baile. (...) Félix Costa, João Caboclo, Arnaldo Tintureiro, Ildefonso, Amargoso, estes eram os valentões. O samba deles era: é hora do zumzunzum, quem não com dois leva um. Eles ficavam sambando, fazendo mesura, e uma hora passava a perna ou dava umaumbigada. Era a capoeira (ROLNIK: 1999, 76, 77).
http://www.ourinhos.unesp.br/geografiapesquisa/docs/Artigo%20Maria%20Inez%20M%20Borges%20Pinto.pdf
A Saracura
É um pedaço da África. As relíquias da pobre raça impellida pela civilização cosmopolita que invadiu a cidade, ao depois de 88, foi dar alli naquela furna. Uma linha de casebres borda as margens do riacho. O valle é fundo e estreito. Poças dagua esverdeada marcam os logares donde sahiu a argilla transformada em palacetes e residências de luxo. Cabras soltas na estrada, pretinhos semi-nus fazendo gaiolas, chibarros de longa barba ao pé dos velhos de carapinha embranquecida e lábio grosso de que pende o cachimbo, dão áquelle recanto uns ares do Congo. Alli pae Antonio, cujas mandingas celebram os supersticiosos de Pinheiros, de Santo Amaro, da várzea e até do Tabôa, pratica os seus mysterios e tange o urucungo, apoiando ao ventre rugoso e despido a cabaça resonanta. As casas são pequenas; as portas baixas. Há pinturas enfumaçadas pelas paredes esburacadas. A mobilia, caixa velhas e tóros de pau, sobre ser pobre, é sórdida. E alli vão morrendo aos poucos - sacrificados pela própria liberdade que não souberam gosar, recosidos pelo álcool e estertorando nas angustias do brightismo que os dizima, eliminados pela elaboração anthropologica da nova raça paulista - os que vieram nos navios negreiros, que plantaram o café, que cevaram este solo de suor e lágrimas, accumulados alli, como o rebutalho da cidade, no fundo lobrego de um valle23.
23 Correio Paulistano, 09/10/1907. [ Links ]
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881999000200004&script=sci_arttext#back4

1910-SAO PAULO bairro do Belenzinho- capoeira

A saracura: ritmos sociais e temporalidades da metrópole do café (1890-1920)
Paulo KogurumaDoutorando FFLCH-USP

Na rua Conselheiro Cotegipe (...) havia uns casebres, para dentro do alinhamento, com um terreiro e um vasto quintal, aos fundos, habitados por negros. Muitos deles, diziam-se ex-escravos. Na época, era difícil encontrar-se um negro velho que não se dissesse antigo escravo e veterano do Paraguai... No dia 12 de maio, à véspera, portanto daquela data, à boca da noite, começavam a chegar negros que nem formiga. Vinham sozinhos ou em magotes, todos empunhando os mais variados instrumentos: bombos, chocalhos, pandeiros, atabaques, triângulos, maracas, tamborins, reque-reques, puítas, urucungos, marimbas, adufes e outros, herdados, quiçá, dos seus ancestrais africanos. Surgiam tantos, que parecia incrível coubessem naquele reduto. Seu chefe era o Barnabé(...) O samba de então era bem diferente do atual. Não passava de um exótico amálgama das numerosas danças regionais, da capoeira, do lundu, do jongo, do batuque, do cateretê etc. Depois dos comes-e-bebes, de muita cachaça ou quentão, os negros animavam-se, e aí começava o samba de roda. Sob o som infernal dos instrumentos de percussão, onde se destacava o toque surdo dos bombos e dos tambores, iniciava-se a noitada. Formava-se uma roda no terreiro um dos parceiros pulava para o centro e começava a cantar, saracoteando-se todo: 'Oi, embaré, oi embará! Balança que pesa oro não pode pesa metá!' (...) O batuque ia esquentando. Em pouco tempo, vários pares pulavam no centro da roda, enquanto os demais batiam palmas, compassadamente. Eram movimentos alucinantes, desenfreados, contorsões grotescas, sem ritmo nem graça, numa coreografia primitiva, onde as negras de bunda grande ( negras iça ) remexiam loucamente as cadeiras, lascivas e lúbricas, entre tapas e beliscões nas partes mais salientes. E o coro prosseguia (...) E nessa toada varavam a noite. No fim, nada mais se entendia. era uma sarabanda de mil diabos, um caia por cima do outro, numa promiscuidade danada. Muitos pares sumiam para o fundo do quintal, onde havia umas bananeiras e pés de mamona. Na roda, ainda resistiam alguns, dançando, ou melhor, pulando alvoroçados, num insuportável intercâmbio de bodum. E o samba continuava até o dia raiar3.
3 PENTEADO, Jacob. Belenzinho, 1910 (Retrato de uma época). São Paulo, Livraria Martins Editora, 1962, pp. 215-218. [ Links ]
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881999000200004&script=sci_arttext#back1

lunes, 18 de enero de 2010

OS CAPOEIRAS NA PROVÍNCIA DE SÃO PAULO: PRIMEIROS INDÍCIOS
Pedro F. A. da Cunha
Mestrado- História Social

Em 1º de fevereiro de 1833, o Conselho Geral de São Paulo promulgou uma Postura Municipal aprovada pela Câmara em 14 de janeiro, com os seguintes termos:
"Toda a pessoa, que nas Praças, ruas, casas publicas, ou em qualquer outro logar tambem publico, praticar ou exercer o jogo denominado = de capoeiras = ou qualquer outro genero de lucta, sendo livre será preza por tres dias, e pagará a multa de um a tres mil reis, e sendo captiva será preza, e entregue ao seo Senhor, para a fazer castigar na grade com 25 a 50 açoites, e quando o não faça soffrerá a mesma multa de um a três mil reis"1.
Disseminada imediatamente entre autoridades policiais da cidade, tal legislação foi praticamente copiada por outras cidades da Província. Em Sorocaba, por exemplo, foram localizados códigos de Posturas da Câmara repreendendo explicitamente a capoeira nos anos de 1850, 1865 e 1871 2. A Vila de Cabreúva também criou uma ferramenta similar para coibir essa manifestação, em 14 de setembro de 1859 3.


1 Arquivo do Estado de São Paulo (doravante, AESP). Ofícios Diversos da Capital, 1833, Caixa 74, Ordem 869, Pasta 1, Documento 78.
2 CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Notas para a história da capoeira em Sorocaba (1850 – 1930). Artigo publicado em diversos sites sobre folclore e capoeira, como o da Revista Jangada Brasil (www.jangadabrasil.com.br) e o da Ong Memória Viva (www.memoriaviva.org.br), acessados em 05 de março de 2008. No livro Scenas da Escravidão: breve ensaio sobre a escravidão negra em Sorocaba, editado pela Crearte Editora, em 2006, Cavalheiro enfatiza que as restrições à capoeira, assim como a outras manifestações de origem escrava, como "batuque, tambaque e cateretê", direcionavam-se a execuções em locais públicos dentro da área urbana, sendo mais flexíveis para atos em lugares fechados ou nos arrebaldes da cidade.
3 AESP. Posturas do ano de 1859. Posturas da Câmara Municipal da Vila de Cabreuva, de 14 de setembro de 1859, artigo 39º: "Toda pessoa que nas ruas, nas praças, casas públicas ou em qualquer lugar público praticar ou exercer o jogo denominado capoeira, será multado em 6 mil réis. Sendo escravo será prezo e entregue ao seu senhor para o fazer castigar na grade com 20 açoites, e quando não queira sofrerá uma multa".


http://www.fflch.usp.br/eventos/epog/textos/Pedro%20Figueiredo%20Alves%20da%20Cunha.pdf

AS BAIANAS NA FESTA DA PENHA


AS BAIANAS NA FESTA DA PENHA

Transcrito por Luiz Edmundo em seu livro O Rio de Janeiro do meu
tempo

foto: Em primeiro plano, de pé, da esquerda para a direta, João Pernambuco, de chapéu
branco, segurando o violão; Patrício Teixeira, de terno branco; Pixinguinha com a flauta e Caninha, com o cavaquinho. Festa da Penha, 1912. Arquivo José Leal.
----------A presença dos negros transformaria a festa, que começara a ser celebrada no dia da Natividade de Nossa Senhora, 8 de setembro, ainda no final do século XVIII, para depois ser transferida para o primeiro domingo de outubro, em virtude das chuvas que invariavelmente caíam na antiga data. Já depois da metade do século XIX, quando a festa passa a se estender por
todos os domingos de outubro
, ao lado dos portugueses que comiam e cantavam seus fados na grama, estimulados pelo vinho generoso nos tradicionais chifres de boi ou pela cerveja preta
“barbante”, começam a se ouvir os sambas de roda dos negros animados pela “branquinha” nacional, a se armar batucadas “em liso” ou “pra valer” jogadas pelos capoeiristas, principalmente quando a noite caía e subia a temperatura etílica da festa. A festa portuguesa era organizada pela comissão de festejos da Irmandade da Penha, a missa solene, as cerimônias de bênção e as barraquinhas de prendas, jogos e comidas, a que se juntaria o ritual e o espetáculo do cumprimento de promessas que faziam penitentes infatigáveis subir os 365 degraus que levam ao santuário. Venda de quadros e medalhas alusivas, de comidas típicas portuguesas no arraial embandeirado, jogos e apresentações de músicos e dançarinos, caracterizam desde cedo a festa que se constitui numa das alternativas de divertimento popular na cidade, festejos a que a chegada dos negros dá nova vitalidade. Num artigo de jornal em Juiz de Fora, Raul Pompéia
descreve a festa do ano da Abolição: [pg. 108]
fuente: “Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro” (FUNARTE, 1983) de Roberto Moura http://viciadosemlivros.blogspot.com/2008/01/lanamento-digital-source-roberto-moura_13.html

Sinos e Capoeiras

POLICIADOS: controle e disciplina das classes populares nacidade do Recife, 1865-1915.
CLARISSA NUNES MAIA

Mesmo os dobres e repiques de sino deveriam servir a finalidades bem definidas,atendendo as exigências do clero e seguindo um número de batidas pré-estabelecidas,como nos avisos dos horários das missas, da morte de algum membro de irmandade,procissões etc.44 As batidas insistentes dos sinos das igrejas além de incomodarem os vizinhos – como se percebe até pela limitação que a Câmara impôs ao seu uso – muitas vezes eram utilizados pelos capoeiras como um meio de comunicação, que se serviam desses toques como sinais entre si, para serem alertados da presença da polícia ou de grupos rivais.45 Por conta de todas essas restrições, aqueles que desejassem levar a efeito algumespetáculo público deveriam pedir autorização da Câmara Municipal ou do chefe depolícia, para realizarem maracatus, sambas, pastoris, apresentações circenses etc.


44 A postura prescrevia as seguintes normas para o uso dos sinos: Art.63. Ficam prohibidos os dobres e repique de sinos, excepto nos seguintes casos: 1º Um dobre com duração de cinco minutos por ocasiãoda morte de qualquer fiel, dado na igreja onde for depositado o cadáver; 2º um dito por ocasião doofficio de corpo presente e da visitação de cova; 3º um dito em cada uma das matrizes no dia de finados;4º um repique na véspera de qualquer de qualquer festividade, dado na igreja onde ela se fizer; 5º trêsditos durante o dia de festa e com duração também de cinco minutos cada um. Além desses, haverá poroccasião de passar o Santissimo Sacramento e as autoridades que a isso tiverem direito, da chamada dosfieis para a missa e para acompanharem o Santíssimo Sacramento ou Viatico, um só dobre na véspera dequarta-feira de cinza s, nas dos sermões quaresmaes e festivos, somente nas igrejas onde se fizerem essesautos, os signaes do meio dia,trindade,oito e nove horas da noute, de fogo(sic) e rebate: os infractores pagarão a multa de 10$000 e o dobro na reincidencia. Cf., APEJE, CLPPE, Lei nº 1129 de 26 de junho de 1873


45 Valdemar de Oliveira, Frevo, capoeira e passo, pp.76-77.


http://www1.capes.gov.br/teses/pt/2001_dou_ufpe_carissa_nunes_maia.PDF

jueves, 14 de enero de 2010

1901-1910-BOTAFOGO y CATETE Concentración de maltas de Capoeiras

OS RANCHOS PEDEM PASSAGEM
O carnaval no Rio de Janeiro do começo do século XX
PPGSA/IFCS/UFRJ
2003
Para se
ter uma idéia do número de pequenas associações carnavalescas na primeira década do século XX, tomemos como exemplo o estudo realizado por Cunha (2001). A autora fez um levantamento das agremiações carnavalescas no período entre 1901 e 1910, tendo sua mostra um total de 492 agremiações. Dentre tais agremiações, a autora levou em conta os “cordões”, “ranchos” e “sociedades”. Quanto à divisão da espacialidade, a autora considerou cinco “grupos de localidades” da cidade do Rio de Janeiro, denominadas de “freguesias”.
O primeiro grupo englobava as freguesias centrais da Cidade Velha, situadas ao sul do Campo de Santana, onde estavam os teatros, cafés, a prostituição mais chique e os atrativos da vida boêmia da cidade. No centro da cidade, predominavam as sedes das grandes sociedades carnavalescas.
O segundo compreendeu as regiões onde estavam muitas residências dos grupos mais abastados, como os bairros de Botafogo e Catete, mas que também serviram de refúgio a foragidos da polícia ou dos senhores na primeira metade do século XIX, dando, paralelamente, origem à concentração de grupos mais pobres e a algumas maltas de capoeiras. Nesse caso, 13, 4% da população correspondia a 22,9% das agremiações carnavalescas.
http://www.ifcs.ufrj.br/~ppgsa/mestrado/Texto_completo_196.prn.pdf

sábado, 9 de enero de 2010

LA REVOLTA DA VACINA EN RIO (1904)

foto:Prata Preta
Entrada la noche los cadetes mandados por Sodré y Travassos se enfrentan a tiros en una calle con unidades Negritaleales del ejército, el combate dura apenas media hora. Los cabecillas, el senador y el general, son heridos y el resto de los sublevados arrestados y encerrados en su cuartel. La policía detiene también al resto de cabecillas de la Revolta como Vicente de Souza y otros miembros de la Liga Contra la Vacunación Obligatoria(3, 4).

Contenida la asonada militar, los combates continúan en otros lugares de la ciudad. En uno de los viejos distritos afro-brasileños, el porteño barrio de Saude, grupos de revoltosos oponen una férrea resistencia.
Acostumbrados a la violencia callejera, eran conocidos como los “desordeiros” y practicaban el tradicional capoeira, organizan una auténtica guerra de trincheras. Tienen como estandarte una bandera roja y se dan el nombre de Porto Arthur, un símbolo de la resistencia durante la guerra ruso-japonesa, su jefe es Horacio José da Silva “PrColor del textoata Preta”. La policía combate duro y va tomando al asalto cada una de las barricadas, la marina los bombardea desde un navío, finalmente son derrotados y Prata Preta encarcelado(4).

3. Meade T. "Civilizing Rio de Janeiro": the public health campaign and the riot of 1904. J Soc Hist 1986; 20 (2): 301-322
4. Needell JD. The Revolta contra vacina of 1904: the revolt against "modernization" in belle epoque Rio de Janeiro. Hisp Am Hist Rev 1987; 67 (2): 233-269

viernes, 8 de enero de 2010

DIÁRIO OFFICIAL -1865 Capoeiras detenidos


Ilustración: Capoeiras da malta "Flor da Gente" participando da "Política" da época - Século XIX - Rio de Janeiro, então capital federal.

Sexao EM 4 DE MAIO DB 1863.
Presidência interina do Sr. Dr. Firmo Diniz,
promotor publico o $r. Dr. 'Silveira Lobo.

submctlidos a julgamonto, em segundo logar, os réos Francisco Nunes das Chagas,
natural do Rio de Janeiro, com 22 annos do idade, solteiro, pedreiro, analphabeto, aceusado ex-ofncio como incurso no gráo máximo do art. 201 do Código Criminai por ter no dia 21 de Dezembro do ãnno passado as 9 horas da noite dado uma puhhaladá em Antônio da Silva Campos*, sendo para Isso auxiliado pelo co-réo João José Monteiro e tendo este facto tido logar na rua de D. Marianna, em Rotafogo. Apresenta-se defensor dos réos o Dr. Luiz Joaquim Duque Estrada Teixeira.A sessão levantou se ás 51/4 horas da tarde.
O escrivão do jury, José Antônio Lopes de Castro.

http://historiar.net/images/pdfs/186305_1a_quinzena.pdf
DIÁRIO OFFICIAL . IMPÉRIO DO BRASIL. ÀNO DE 1865. SEXTA FEIRA, 1 De MAIO. NUMERO 97.
REPARTIÇÃO DA POLICIA
.
PARTE BO
1.* DB MAIO DE 1863.
Pco corpo policial da córte Ibrão cffectuadas durante o moz dc Abril próximo passado as seguintes prisões pólos motivos abaixo declarados:
Batonoiros. 23
'Capoeiras 9Desordem 23
Embriaguez.. 1G
Uso do armas 11
Insulto . . . . . . . . . 7
DIA 3.
Forão presos á ordem das respectivas autoridades:
Pela policia, João Elias do Carmo, por embriaguez c insultos. Na freguezia do Sacramento, 2.* districto, José Joaquim da Silva, por capoeira o uso de navalha; Joseph Maria, por desordem; Domingos Gonçalves Machado e José dn Cunha Vasconcellos, por embriaguez o desordem; a parda Justina, por suspeita de fugida.
PARTE no DIA 4 DB MAIO DB 1803.
Na dc S. José, José Pereira dc Menezes o Manoel Pereira dc Brito, por desordem; o escravo Ovidio por capoeira.
PAUTE DO DIA 9 DE MAIO DR 1863.
Forão presos á ordem das respectivos autoridades:
Pela policia, Manoel José Rodrigues, por desordem : Maxirniano. José de Carvalho, c Guilherme,
escravo, por capoeiras
; Calhorino. preta forra, por suspeita, visto andar pelos ruas as 11 horas da noile. Pelo corpo policial da corte, Manoel José Rodrigues, por desordem ; Maxirniano José de Carvalho o Guilherme, preto escravo, por fazerem parte da uma malta de capoeiras, estando aquelle armado eom um canivete; José Antônio da Silva Lopes, Henrique Josó de Araújo, Maria Antonia da Silva Lopes o Michaella Maria de Araújo, por embriaguez o fazerem alarido.
http://historiar.net/images/pdfs/186305_1a_quinzena.pdf

jueves, 7 de enero de 2010

A esperteza do tal "Macaco Beleza"


Texto de Augusto Mário Ferreira Jornalista/escritor, formado em capoeira pelo Mestre Bimba em 1956 Baseada em pesquisa histórica do advogado baiano GabinoKruschewsky ("A Tarde", 27/6/76, p. 6.), arquivadana hemeroteca sobre capoeira do advogado/tenente, Esdras Magalhães dos Santos (Mestre Damião)
Manoel Benicio dos Passos, por conta de suas simpatias monárquicas, mobilizava um grupo de capoeiristas de primeira linha para empastelar a manifestação estudantil com porretes de peroba e golpes de capoeira. Mulato sarará de cabelo crespo, atlético e corajoso, curtido de muitas cadeias por arruaças, Manoel Benício recebeu o apelido de Macaco Beleza, pela extrema feiúra de sua cara e pela agilidade de macaco com que jogava. Não deu outra: quando os estudantes interceptaram o cortejo do conde no sopé da Ladeira do Pelourinho e começaram a vaiar e a atirar ovos e tomates, a turma de Macaco Beleza caiu de pau (de peroba) em cima da estudantada. Em instantes dissolveu a manifestação, deixando muitos feridos pelas porretadas e pelos golpes de capoeira.
Vitorioso, subiu num caixote e mandou ver um discurso inflamado em defesa da monarquia. - Quero esse popular na recepção desta noite, no Palácio como meu convidado de honra - ordenou o conde D`Eu ao seu anfitrião, o conselheiro Almeida Couto. O Conselheiro tentou dissuadir o conde, informando tratar-se de um arruaceiro de péssimos antecedentes, um capoeirista (sinônimo de marginal na época), cuja presença na recepção poderia constranger os demais convidados. O conde contudo foi enfático: - O Baile é meu e o convidado é meu. Pouco tempo depois, já dois emissários do presidente da Província formalizavam o convite ao Macaco Beleza e negociavam com ele as condições estebelecidas pelo conselheiro Almeida Couto que começavam com uma advertência e uma ameaça: - Fica proibido de fazer besteiras. Se fizer, vai mofar na cadeia, depois que o conde for embora. Nem a advertência, nem a ameaça o preocupavam. Tinha outras preocupações:- Só vou lá se o conselheiro pagar uma roupa nova pra mim - sentenciou o capoeirista, que jamais primara pela elegância. Irritado pela petulância do capoeirista, que ele detestava e a quem mandara prender várias vezes, e sobretudo pelo incômodo convite do conde, o conselheiro Almeida Couto obrigou a alfaiataria do Palácio a costurar em poucas horas uma roupa de gala para o Macaco Beleza, que enfatiotado e exalando perfume barato de prostituta, foi o primeiro a chegar ao palácio. Depois de receber as honras da banda de música, ele esperou, como faziam os nobres, o anúncio de sua presença, feito pelo mestre de cerimônias para só então, com seu passo de malandro, atravessar o salão luminoso e enfeitado: - Sua Excelência, o nobre senhor Manoel Benício dos Passos, convidado de honra em nome de sua Alteza Imperial. O anúncio supreendeu a oficialidade do Corpo a Guarda presente e revirou o estômago do Conselheiro Almeida Couto, que, por precaução isolou Macaco Beleza bem no fundo do salão. Após a chegada de todos os convidados, o conde D`Eu, com a imponência dos seus quarenta e dois anos, apareceu na mesma porta por onde entrara Macaco Beleza e esperou a vez do seu anúncio: - Sua Alteza, representante do Imperador D. Pedro II, comandante em chefe das forças navais e terrestres, vitoriosas na guerra contra o Paraguai. Luís Felipe Maria Fernando Gastão D`Orleans, o conde D`Eu! Macaco Beleza nem esperou o fim dos aplausos. Sob o olhar irado do Presidente da Provínica, atravessou o centro vazio do salão e, quebrando o protocolo, supreendeu o conde com um abraço vigoroso, desvencilhou-se e se apresentou ao conde, declamando em tom solene uma trova que demorara para decorar:
"Manoel Benício Passos, vulgo Macaco Beleza. Escravo da Monarquia e servo de Vossa Alteza".
http://www.azania.com.br/macacobeleza.html
OTRA CITA: Enciclopédia brasileira da diáspora africana‎ - Página 402Nei Lopes - 2004 - 715 páginas MACACO BELEZA (século XIX). Apelido de Manuel Benício dos Passos, personagem da história da Bahia. Em 1889, em Salvador, na localidade conhecida como Taboão ...
OTRA CITA:
UMA LINDA VISITA À ABOLIÇÃO BAIANA
Há um grande livro na praça. É "Encruzilhadas da liberdade" (Editora da Unicamp), de Walter Fraga Filho, professor da Universidade do Estado da Bahia. Conta a vida dos escravos e de seus senhores na região do Recôncavo antes e depois da Abolição. Fraga foi aos inventários, registros policiais, notícias da imprensa, correspondências de escravocratas e tradições orais. Misturou tudo com a alma de quem vivia a época e saiu com uma obra que coloca o leitor na cena dos interesses, sofrimentos e alegrias dos baianos de outrora. Sua descrição do 13 de maio em Salvador parece saída de uma página de Jorge Amado. A multidão sambando atrás das bandas, o trio elétrico da época. Nela, estava o "Macaco Beleza", um conhecido da polícia: "Homem cor de bronze, de estatura hercúlea, disposto à luta corpórea, sem instrução, porém sempre pronto a impugnar com ousadia e inteligência as opiniões dos contrários." Quando Salvador cantava a Abolição, "Macaco Beleza" foi visto calado, chorando.