sábado, 7 de noviembre de 2009

batuque

foto: Tiburcio de Jaguaripe (batuquero). Tiburcinho teve por mestre Bernardo José de Cosme
http://voltanomundocapoeira.blogspot.com/2009/08/mestre-tibucinho.html

Márcio Penna Corte Real
AS MUSICALIDADES DAS RODAS DE CAPOEIRA(S):
DIÁLOGOS INTERCULTURAIS, CAMPO E ATUAÇÃO DE
EDUCADORES
Em relação ao batuque
, sabemos que o mesmo foi uma prática competitiva presente nas festas de largo da Bahia. Como a capoeira, teria sido perseguido pela repressão policial decorrente do código penal de 1890. Vieira (1995, p.135) informa mais detalhadamente que:
São raras e geralmente muito vagas as referências a essa instituição na literatura especializada nas tradições nordestinas. Segundo Édison Carneiro (1812: 111- 112), trata-se de um jogo praticado ao som de berimbaus e outros instrumentos, em que o objetivo é derrubar o adversário com o uso de golpes de perna, como rasteiras e joelhadas. Formado um círculo, um dos participantes entra na “roda” e dirige o desafio a outro jogador, enquanto o grupo acompanha o ritmo dos instrumentos com palmas e cânticos. Édison Carneiro afirma, ainda, que o batuque teria sido incorporado à capoeira, inexistindo atualmente como tradição
isolada.


Apesar da referência às fontes esparsas, Reis (1997, p.129 – nota de número 12) informa que:
O batuque baiano, segundo Câmara Cascudo (1988), era uma modalidade da capoeira. O acompanhamento musical assemelhava-se ao dela, com utilização de pandeiros, berimbaus e ganzás, além do que entoavam-se cantigas. A luta envolvia dois jogadores por vezes, os quais deveriam unir as pernas com firmeza e aplicar rasteiras um no outro. O principal era evitar cair e “por isso mesmo era comum ficarem os batuqueiros de banda solta, isto é, equIlibrado numa única perna, a outra no ar, tentando voltar à posição primitiva (...).”No documentário, antes citado, Moura (1968), ao entrevistar o batuqueiro Tiburcinho, questionou-o sobre a utilização do berimbau no batuque. Pelo menos, no depoimento do entrevistado, a informação de que o berimbau é utilizado no batuque não foi confirmada:
Moura: Você aprendeu batuque com quem? Quem foi seu mestre de batuque?
Tiburcinho: Meu mestre de batuque foi Bernardo.
Moura: O Bernardo José de Cos?
Tiburcinho: É.
Moura: E ele era da onde?
Tiburcinho: da Bahia. (...)
Moura: O batuque era acompanhado por quê? Gunga62, não?
Tiburcinho: Não.
Moura: Não?
Tiburcinho: Não. Era pandeiro.
Esta personagem, chamada Mestre Bimba, que ficaria conhecida pela criação da Capoeira Regional, nasceu em 23 de novembro de1899, na cidade da Bahia de Todos os Santos – Falcão (2004) e a publicação da UCSAL (2003), que já citei, informam este ano, de 1899, como sendo de nascimento do Mestre.
Há uma outra data atribuída a seu nascimento, que é mais divulgada entre os pesquisadores (cf. REIS, 1977; VIEIRA, 1995; REGO, 1968), de acordo com a explicação, que consta na Revista Memórias da Bahia, num breve relato no qual o Mestre é comparado a um rei (UCSAL, 2003, p.14, grifos meus), é esclarecido o seguinte:


“Os negros cantam suas lutas misteriosas.” Este é o título da reportagem em que o procurador judicial Ramagem Badaró descreve maravilhado a luta, na revista Saga de agosto de 1944. na matéria, Bimba aparece identificado como “O grande rei negro do misterioso rito africano.” Um reconhecimento que, pouco a pouco, se alastrava pelas ruas e becos da província da Bahia, mas que começara anos antes, em 23 de novembro de 1899 (ele tinha outra certidão em que constava 1900), no Engenho Velho de Brotas, pouco mais de uma década após a abolição da escravatura.62 Gunga é chamado o berimbau de som mais grave, grosso modo, som mais grosso, nas rodas
em que há a presença de três berimbaus, sendo os demais de som médio e agudo. Às vezes,
como é o caso acima, gunga também é usado para designar o instrumento berimbau, em geral.
Na Capoeira Regional, criada por Mestre Bimba, convencionou-se a utilização de apenas um
berimbau na animação da roda de capoeira.




1 comentario:

  1. 606 PEOPLE AND INSTITUTIONS OF BRAZIL
    Not the least interesting of these is Manoel do Riachao whose satanic activities seem to be concentrated in the northeastern portion of Brazil, from Piaui to Sergipe. Some of the sertanejos are convinced that Manoel is the devil himself, but others think of him as being an inquitous individual who sold his soul to the Prince of Evil in return for great skill in playing the viola and improvising batuques. Everywhere he is recognized as a bard without rival. However, his passage through any community is marked by sudden and inexplicable calamities. Even though rains have been regular, the small streams dry up, great losses occur among the herds, the crops fail, and even people are attacked by strange and deadly maladies. In spite of his great skills, he can never stop for long in one place. Popular indignation soon arises to the pitch that "the poor violeiro is obliged to pack up his viola and seek another place to stay until the time that from new persecutions he recommences his eternal peregrinations. Thus lived Manoel do Riachao, and the places of preference frequented were the taverns, the gambling tables, and principally the batuques, for the pleasure of defeating in verse the most famous singers."68

    68-Padilha, Os Roceiros, 167-68. As indicated above the batuque is a dance of African origin. At these gatherings the desafio is one of the most popular features of the entertainment. This is a contest in dialogue between two singers, all improvisation, each in turn seeking to answer the opponent's query, and then to turn the laugh on his opponent.

    FUENTE: BRAZIL: PEOPLE AND INSTITUTIONS, Revised Edition By T. LYNN SMITH, LOUISIANA STATK UNIVERSITY 1954.

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