jueves, 11 de marzo de 2010

1914- CACHOEIRA -“Um policial que batuca”.

Sambas, Batuques e Candomblés em Cachoeira - Ba

A construção ideológica da cidade do feitiço
Edmar Ferreira Santos

Salvador – Bahia, 2007
Os termos “samba” e “batuque” apareciam nas folhas quase como sinônimos. Notam-se apenas sutis diferenças em uma ou outra das tímidas descrições locais. Por exemplo, o uso do pandeiro e das umbigadas no samba enquanto nos batuques são freqüentes as referências ao “tabaque” que predominava tocado “valentemente”110. O termo “valente”, por sua vez, esteve por muito tempo associado às práticas culturais afro-brasileiras, notadamente, a capoeira. Muitos capoeiristas ostentavam a alcunha de “valentão”, símbolo de comportamento destemido e garantia de respeito no mundo das ruas111.........................................

Edson Carneiro registra um tipo de batuque que ultrapassava o sentido de puro divertimento e alcançava as esferas da luta corporal. Aliás, como na capoeira, seu jogo podia ser encarado tanto como uma brincadeira quanto como confronto. Assim, Edson Carneiro narra um batuque que, segundo afirmou, derivava de uma “luta africana”. Já na sua época, devido à “ação repressiva da polícia” em Salvador, esse divertimento existia “apenas no interior dos municípios de Cachoeira e de Santo Amaro, no Recôncavo do Estado, e um pouco também na Cidade da Bahia”. Os golpes descritos, “várias pernadas” e a “raspa” (rasteira), e os instrumentos, “pandeiro, ganzá e berimbau”, fez o autor concluir que este batuque era “uma variação da capoeira”112............................................................................

No mês de maio de 1914, no destacamento de polícia estacionado em Cachoeira havia, pelo que se sabe, ao menos um Cabo que batucava. O anônimo policial se encontrava em trânsito para Salvador e, aproveitou o domingo para ir num batuque no Alto da Capapina, sobre o túnel do ramal da Estrada de Ferro Central da Bahia. Segundo o jornalista, era o cabo quem “heroicamente” tocava o atabaque. O articulista não esqueceu de asseverar que o dito divertimento estava proibido na cidade. Ali mesmo, entre o morro da Capapina e o morro do Bitedô, a imprensa também denunciava com freqüência os batuques de um candomblé “há tempos aí existente”.124



111 Sobre os capoeiras como valentões em Salvador, ver: OLIVEIRA, Josivaldo Pires de. Pelas ruas da Bahia: criminalidade e poder no universo dos capoeiras na Salvador republicana (1912-1937). [Dissertação de Mestrado], Salvador: UFBA, 2004.
112 CARNEIRO, Edison. Religiões Negras / Negros Bantos. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 3.ª edição, 1991. pp.221-224.
124 “Um policial que batuca”. Jornal A Ordem, 27.05.1914, p.01; “Um policial que batuca”. Jornal A Ordem, 30.05.1914, p.01; “A polícia persegue os feiticeiros: 13 de uma vez só! Que bella ‘canôa’!”. Jornal A Ordem, 09.08.1922, p.01; no capítulo 4, analisamos uma batida policial neste candomblé.



http://www.posafro.ufba.br/_ARQ/EdmarFerreiraSantos.pdf

miércoles, 10 de marzo de 2010

Juracy Magalhaes además de conocer el Savate (Boxeo francés) era "Filho de Ogum"

(Lp original é Samba de Roda e Candomblés da Bahia)

(Mestre Bimba e Olga de Alaketo)
Le-le o,a turma de Bimba chegou(Mestre Bimba e coro)-Lp-Liceus de Artes e Oficios da Bahia-1991
ladoA:1-Quero ver bolar;2-Flor da mangueira;3-Lembra do barro vermelho;4-É canoeiro;5-Sábia cantou.
ladoB:1-Sereiá;2-O trem corre;3-Fogo na sábia;4-Le-le o,a turma de Bimba chegou.

Nota del pesquisador: Juracy Magalhaes, además de conocer el Savate (Boxeo francés) era "Filho de Ogum".
En la década de 1930 Juracy frecuentó Feira de Santana de donde era el padre de Mestre Bimba (Batuque) y donde vivía Cisnando (Jiu-Jitsu) que fué su escolta personal . De aqui puede salir la "génesis" de la Capoeira Regional.
Otra cita: Ao som do Berimbau: Capoeira, arte marcial del Brasil‎ - Página 178
Formado Comprido - 2003 - 224 páginas
El Mestre Bimba grabó dos discos producidos por JS Discos. Uno con el  título de «Curso de Capoeira Regional-Mestre Bimba» que traía un libreto con ... y otro titulado «Sambas de roda de la Bahía» -Mestre Bimba y Coro, que tenía  en la cara A: Candomblé de la Bahía- Olga de Alaketo y Coro

martes, 9 de marzo de 2010

1927-RIO Juracy Magalhaes conoce el Savate en la Escola Militar do Realengo- Rio


foto: Savate -Joinville le Point -França
1922- o Ten. João Barbosa Leite passou a servir como instrutor de Educação Física na Escola de Sargentos de Infantaria, tendo como auxiliar o Ten. Jair Dantas Ribeiro, ambos entusiastas da Educação Física. Ministraram Educação Física, pela primeira vez no Brasil, com exercícios sistematizados. A partir da prática, foram recolhidas informações e dados para estudos mais aprofundados e, novamente, os movimentos reivindicatórios de julho contribuíram para que fosse adiada a concretização do referido Centro.


Outra preocupação, no sentido de formação e aperfeiçoamento de quadros especializados para ao C.M.E.F. foi a participação do Ten. Ilídio Colônia, instrutor de infantaria da Escola Militar, de um curso na Escola Joinville-Le-Pont, na França  (savate). De volta ao Brasil e, dirigindo a instrução da Escola Militar (Escola Militar do Realengo - Rio) , conseguiu monitores para sua empreitada, junto aos alunos do terceiro ano. Podia-se já sentir a influência da Missão Militar Francesa no âmbito da organização e na disciplina da oficialidade brasileira nos estudos mais avançados e especializados, ainda que, em pleno funcionamento da Missão Francesa, tenha ocorrido a irrupção dos movimentos dos tenentes dissidentes de 1922 e 1924.8
http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuais-coautorais/eixo03/Jose%20Tarcisio%20Grunennvaldt%20-%20Texto.pdf

1926- o Ministério da Guerra publica então o "Manual de Instrução Física", (60) de autoria do capitão João Barbosa Leite e do tenente Jair Dantas Ribeiro. Este livro era o resultado das observações e dados colhidos na Escola de Sargentos de Infantaria e serviu como orientador da tropa para todos os oficiais instrutores. Eis os assuntos nele contidos:
........................; XI — Ataque e defesa................... Essa publicação, com 220 páginas e 274 figuras, relevantes serviços prestou ao Exército, pois foi a única publicação de que o mesmo dispôs até a tradução do chamado "Regulamento Geral de Educação Física" — Nº 7. levado a efeito muitos anos depois.
http://www.publicacoes.inep.gov.br/arquivos/%7B9722C36D-A401-4F87-B5F3-3BD00A88964B%7D_nº_54_V._21.pdf

1927- Juracy Montenegro Magalhães ingressou na carreira militar, já em 1927 torna-se aspirante.(Escola Militar do Realengo - Rio)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Juracy_Magalhães
Agildo da Gama Barata Ribeiro, Entre 1925 e 1928 cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, e a seguir foi classificado no 1o Regimento de Infantaria (1o RI), na Vila Militar. Junto com Juraci Magalhães, que servia no mesmo regimento, passou a integrar o grupo de "tenentes" revolucionários liderado por Juarez Távora.
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 01]
1928 -RIO publicado o livro de Aníbal Burlamaqui “Ginástica Nacional (Capoeiragem) Metodizada e Regrada.
1931-BAHÍA Juracy Magalhães, aos 26 anos assume o cargo de interventor do Estado da Bahia. http://www.cbce.org.br/cd/resumos/245.pdf
1937 -BAHÍA- Bimba fué invitado por el entonces Gobernador de Bahia, General Juracy Magalhaes, para hacer una demostración de Capoeira con sus alumnos en el Palacio de Gobierno.

lunes, 8 de marzo de 2010

Del deporte al Folclore , corrupción de una modalidad deportiva (CAPOEIRA)

DONA FLOR E A VIDA CULTURAL BAIANA:

MEMÓRIA DO “THOM BAR”
Benedito Veiga
Universidade do Estado da Bahia
Universidade Católica do Salvador

Na lista de produtos baianos de exportações, não se exclui o trabalho de artistas plásticos, alguns já distinguidos, além fronteiras estaduais, como inventaria o Jornal da Bahia, de 21 de setembro de 1966; dentre outros, são postos em evidência: Caribé, Jenner Augusto, Genaro de Carvalho, Mário Cravo Júnior, Mirabeau Sampaio, Sante Scaldaferri, Calasans Neto (1)
Há diversos setores da intelectualidade e do empresariado baianos que se empenham com as ambições do governo do Estado, na aliança para fazer surgir o sonhado pólo turístico local. A cultura afro-baiana passa a ser tomada como referência de marketing, os setores hegemônicos e culturais dela se apropriam para criar as marcas da baianidade: a figa, o berimbau, a capoeira, etc. As fronteiras demarcatórias entre os níveis culturais se desmoronam, mais a serviço das causas do comércio, do que das democráticas, numa perspectiva mais adiante avaliada por Néstor Garcia Canclini, em Culturas híbridas (Garcia Canclini, 1998).(2)
NOTA DEL PESQUISADOR:
Nesta acção cultural cultural do goberno de Lomanto Junior (1963-1967), que foi aluno de Bimba aparece el grupo folclórico Olodumaré que era dirigido por Camisa Roxa, capoeirista formado por Mestre Bimba (3) , pag79.

(1) NOTÍCIA DE REDAÇÃO. Arte baiana é também um produto brasileiro de grande exportação. Jornal da Bahia, Salvador, 21 set. 1966. Caderno 3, p. 3.
(2) http://www.gelne.ufc.br/revista_ano4_no2_26.pdf
(3) Estratégias poéticas em tempos de ditadura, Universidad Federal da Bahía, Lauana Vilaronga Cunha ,2008. http://www.bibliotecadigital.ufba.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1626

viernes, 5 de marzo de 2010

João Pequeno: "A capoeira de Bimba tinha uns 50 golpes. Mas ele tinha razão, ele botou golpes de outras lutas na capoeira dele"

foto: Joao Pequenho
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


CENTRO DE DESPORTOS

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Campus Universitário/Trindade - Florianópolis-SC

CEP: 88040-900 - Tel: (048) 231 9366 - Fax: (048) 231 9927
DISCIPLINA: EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A GRADUAÇÃO
MODALIDADE: CAPOEIRA MISTA (Optativa)
CÓDIGO - DEF 5225 - TURMA: 0467C
CARGA HORÁRIA: 54 HORAS/AULA (3 aulas semanais)
CRÉDITOS: 03 (TRÊS)
SEMESTRE: 97/1
PROFESSOR: JOSÉ LUIZ CIRQUEIRA FALCÃO
LOCAL: SALA 707 GINÁSIO DE ALUMÍNIO
A Capoeira Regional


Há toda uma discussão em que alguns afirmam que Mestre Bimba teria absorvido elementos de outras lutas, como o judô, o jiu-jitsu, a luta livre e o savate para compor a Regional. Entre os velhos mestres entrevistados essa é a opinião corrente, embora geralmente não atribuam a tal fato um caráter negativo ou descaracterizador, como se pode perceber na observação de um dos mais famosos angoleiros do Brasil, Mestre João Pequeno: "A capoeira de Bimba tinha uns 50 golpes. Mas ele tinha razão, ele botou golpes de outras lutas na capoeira dele"4. Diversos autores, como Édison Carneiro, destacam a Capoeira Regional como produto da fusão da capoeira tradicional com outras lutas:


O capoeira Bimba, virtuoso do berimbau, tornou-se famoso desde que, nos anos 30, criou uma escola em que tem treinado atletas no que apelidou de luta regional baiana, mistura de capoeira com jiu-jitsu, box e catch.
4 A entrevista com Mestre João Pequeno e outros Velhos Mestres foi realizada por um grupo de pesquisadores, do qual Luiz Renato Vieira teve a oportunidade de participar, como parte do Projeto Caá-Puéra, desenvolvido com o apoio do Ministério da Educação em 1988.
http://www.cds.ufsc.br/capoeira/artigos/regional.doc

Zaqui, João, " Jiu-jitsu (attaque e defensa) contendo os requlamaentos japonés e brasileiro ", Sao Paulo, Brazil 1936


NOTA DEL PESQUISADOR:
Tte. Valdemar habla del Jiu-Jitsu 1937 (Escuela de Educaçao Física do Exercito) http://www.revistadeeducacaofisica.com.br/artigos/1937/36_adefesapessoal.pdf

libro: Zaqui, João, " Jiu-jitsu (attaque e defensa) contendo os requlamaentos japonés e brasileiro ", Sao Paulo, Brazil, Companhia Brasil Editora, 1936, 110p, MBR.

Ataque e Defesa - Regras - Defesa contra Arma Branca, Arma de Fogo, Bordão, Bengala.



Exercícios de Barra Fixa e de Grade
Contendo os regulamentos Japonês e Brasileiro
Ilustrado com 160 gravuras
Cia. Brasil Editora - 107pg

Com o intuito de colaborar com os desportistas de todo o Brasil, vimos publicando um série de livros sobre Educação Física, destacando-se, entre eles, o presente manual de Jiu-Jitsu, no qual nos esforçamos para adaptar a prática deste prélio ao sistema de preparação física individual. Destarte reunimos aqui princípios pedagógicos e fisiológicos indispensáveis à perfeita aprendizagem do Jiu-Jitsu, que vem sendo praticado entre nós há vários anos, e que hoje figura nos programas do ensino da maioria das nossas escolas de educação física.
O leitor, depois de estudar este manual, procurará seguir, segundo o seu critério ou conselho de jiu-jitsumen experimentado, o método que julgar mais compatível com os seus predicados fisiológicos. Demais, é digno mencionar que, como acontece em quase todos os ramos de atividade e conhecimentos humanos, o livro, por mais perfeito e explícito que seja na exposição de sua matéria, nunca pode substituir com vantagem um professor erudito e experiente.

Esperamos, todavia, que este manual seja de utilidade prática aos nossos patrícios e, em geral, a todos aqueles que se dedicam à nobre arte dos Samurais.

lunes, 1 de marzo de 2010

Eduardo Veiga, batizado por Bimba com o nome de guerra Duquinha

"Ou Mato ou Morro":


Capoeira como Weltanschauung
- Entrevista com Eduardo de Andrade Veiga -

Entrevista realizada em São Paulo, em 20-10-99, por Luiz Jean Lauand. Eduardo Veiga, batizado por Bimba com o nome de guerra Duquinha, é capoeirista da velha guarda e foi discípulo de Mestre Bimba. É ainda professor aposentado da Univ. Federal da Bahia. Atuou também - aplicando a "filosofia da educação da capoeira" - como professor no Centro de Treinamento de Professores Anísio Teixeira (do Governo da Bahia). Edição: Luiz Jean Lauand.
jeanlaua@usp.br


...........................................................................Em função do exposto "capoeirar" é saber aplicar golpes:

a) "em câmara lenta", suave e graciosamente;
b) desferir golpes com alta velocidade a partir de uma situação de repouso;
c) modificar a trajetória de um golpe ou estancá-lo em vista da percepção de algo "novo" após ter desfechado o golpe de defesa ou ataque;
d) durante o jogo da capoeira, o que se observa é uma "seqüência" de golpes desferidos em velocidades desde o lento quase imperceptível até aqueles em que a vista, talvez não acompanhe. O meio ambiente dos golpes é a ginga: e o ritmo e a velocidade seguem o compasso da orquestra, muitas vezes composta de um só berimbau dolente.
e) a ginga é tão importante que ela aparece sozinha no item 5 do Regulamento de Bimba e o "gingado" é conteúdo programático da primeira lição. O gingado é como uma rampa de lançamento para se disparar uma violenta cabeçada ou se defender dando um "au" com rolê saindo-se do raio de ação do oponente, que procura, mas não sabe mais onde, encontrar o adversário. Gingando, o capoeira determina as distâncias mais convenientes, inclusive para "amarrar o jogo" do adversário. Por mais que se descreva o gingado, sempre existe o inesperado no adversário: ele esconde manhas ou pode até não significar nada. Tanto simula e dissimula como esconde ou gera golpes ou defesas. É no gingado que os floreios e as negaças se harmonizam. Quando bem feitos, o adversário procura e nada encontra ou encontra sem esperar o que não procura... É malícia pura.
f) emprega-se a expressão "jogar capoeira" à semelhança de "manejar com destreza, jogar com armas". Então o capoeira é aquele que é destro no manejo de armas, a semelhança do jogo de florete ou espada. Somente que as suas armas por excelência são os dedos, as mãos abertas ou fechadas de frente ou lateral ou em "cutila", os pés, as articulações ligeiramente dobradas e a cabeça também são usadas. Sem dúvida, aprende-se também a usar armas simples e convencionais ou improvisadas;
g) joga-se também no sentido de brincar. É aprender brincando - é demonstrar que se sabe de forma alegre. Por isso o capoeirista não machuca quando joga em situação de aprendizagem ou demonstração. Conserva um sorriso as vezes até matreiro de quem com facilidade saiu-se de uma situação difícil ardilada. Pode também representar um pouco de zombaria face ao outro que nem se apercebeu claramente do que aconteceu, ou melhor, do que poderia ter acontecido....
Todos esses ensinamentos estão centradas no modelo de ser e de aprender de Mestre Bimba (sem demérito de outros grandes mestres), que inquestionavelmente é um referencial firme para tema.
Eu, em minha vida pessoal e também como professor (e professor de professores) sempre me remeto à capoeira como metáfora da vida: viver é capoeirar. E há também uma mentalidade de capoeira, mesmo quando você não é o oprimido.
http://www.hottopos.com.br/videtur9/capoei.htm