Na composição dos bailes pastoris, sob provável influência de clubes carnavalescos, entram dois grupos chamados de cordões. O cordão encarnado e o cordão azul. No cordão encarnado figuram: a mestra, a primeira do encarnado e a segunda do encarnado. Do cordão azul fazem parte: a contra-mestra, a primeira do azul e a segunda do azul.
A presença dos cordões, azul e encarnado, deu origem à formação de partidos, cada qual se batendo pela cor de sua predileção. A rivalidade tomou forma organizada, exaltando-se com a luta entre os partidos.
Não poucas vezes, terminaram os pastoris do Recife em sangangu e bordoada. Quando não em facada e tiro. Para isto, concorrendo a presença ameaçadora dos brabos e arruaceiros. Sobretudo, nas dias primeiras décadas do século XX. Nesta época, tiveram seus grandes momentos no Recife os brabos do Poço da Panela, da Estrada Nova, de Santo Amaro das Salinas, dos Afogados, do Beco da Facada, da Avenida Malaquias, dos Coelhos, da Ilha do Leite, do Fundão e da Bomba do Hemetério. Brabos que deixaram rica tradição de proezas e valentias, que a poesia de cordel imortalizou em verdadeiras canções de gesta. Entre estes brabos e valentões, alguns merecem destaque pelo sentido quase heróico de suas façanhas. São eles: Antônio Padeiro, João Sabe Tudo, Jovino dos Coelhos, Antônio Tutano, João Calé. Contudo, nenhum deles conseguiu sobrepujar ou mesmo igualar a Nascimento Grande, que foi, sem dúvida, o mais famoso dos brabos recifenses, pelo seu porte gigantesco, sua força hercúlea, a habilidade com que manejava a possante bengala, o punhal e em casos extremos, a pistola. De coragem espantosa, esgrimindo pernas e braços, como espetacular virtuose da capoeira, era capaz de derrubar e botar para correr grupos inteiros de soldados de polícia.
Entre os dois cordões do pastoril, como elemento neutro, às vezes também moderador das contendas entre simpatizantes e torcedores mais exaltados, baila a Diana, com seu vestido metade encarnado, metade azul.
Mestra, contra-mestra, primeira do encarnado, segunda do encarnado, primeira do azul, segunda do azul e Diana sempre foram as figuras obrigatórias dos pastoris.
fuente:Pastoril no Recife ,Valdemar Valentehttp://www.jangadabrasil.com.br/revista/dezembro61/especial30.asp
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