jueves, 29 de octubre de 2009

foto: Vila Pereira D'Eçatocadoras tambor

OS CAPOEIRAS: REPRESENTAÇÕES NA IMPRENSA E NA INTELECTUALIDADE DO SÉCULO XIX
Samantha Eunice de M. Marques Pontes
Biblioteconomia e Documentação (UFF) e Mestranda em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
E-mail:
pegui@click21.com.br
.............No dia 17 do corrente fugiu um escravo por nome Manuel, da nação Cabinda, estatura ordinária, rosto meio redondo, beiços grossos, olhos pequenos, bastante asibichado de cor, com tornozelos grossos, e com cicatrizes nas pernas de chagas. Costuma andar pela rua da Vala com outros capoeirando; quem o apanhar e levar à rua Direita 16, será bem recompensado.
Diário do Rio de Janeiro 24 fevereiro 1826


Os batuques e outras festas negras tornam-se constantes e espalhadas por diversas freguesias, ambiente onde a prática da capoeira se populariza. A partir de 1830, no entanto, essas comemorações passam a ser cerceadas, “Para os pretos conseguirem realizar seus batuques, a cadeia de acordos pessoais tinha que funcionar: era preciso que um senhor, proprietário da casa, permitisse, a vizinhança concordasse e alguma autoridade supervisionasse” (ABREU, 1994, p.6).

1 comentario:

  1. O Conde dos Arcos e as vantagens da batucada (s. XIX)
    Natureza e data do texto:
    O Conde dos Arcos, governador da Bahia no início do século XIX, defendeu a liberação
    dos batuques das diferentes nações africanas, como forma de evitar as revoltas:
    Texto:
    "Batuques olhados pelo governo são uma coisa e olhados pelos particulares da Bahia são outra
    diferentíssima. Estes olham para os batuques como para um ato ofensivo dos direitos
    dominicais, uns porque querem empregar seus escravos em serviço útil ao domingo também, e
    outros porque os querem ter naqueles dias ociosos à sua porta, para assim fazer parada de sua riqueza. O governo, porem, olha para os batuques como para um ato que obriga os negros,
    insensível e maquinalmente, de oito em oito dias, a renovar idéias de aversão recíproca que lhes eram naturais desde que nasceram, e que todavia se vão apagando pouco a pouco com a
    desgraça comum; idéias que podem considerar-se como o garante mais poderoso da segurança
    das grandes cidades do Brasil, pois que, se uma vez as diferentes nações da África se
    esquecerem totalmente da raiva com que a natureza as desuniu, e então os de Dahomey vierem a ser irmão com os nagôs, os gêges com os haúças, os tapas com os ashantis, e assim os
    demais, grandíssimo e inevitável perigo desde então assombrará e desolará o Brasil. E quem
    haverá que duvide que a desgraça tem o poder de fraternizar os desgraçados."
    Fonte: CARNEIRO,Edison. Antologia do Negro Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro,s.d. p.160.

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