sábado, 19 de diciembre de 2009

Samba,Pernada,Batuque y Capoeira

UNESCOM - Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional
São Bernardo do Campo - SP . Brasil - 9 a 11 de outubro de 2006 - Universidade Metodista de São Paulo.1
Fundamentos da Cultura Musical no Brasil e a Folkcomunicação.
Dra. Nícia Ribas D.ÁVILA1- Unimar-Marília (SP)

George Wilhelm Freyreiss, naturalista alemão que faleceu no sul da Bahia, descreveu uma viagem que fez a Minas Gerais em 1814 -1815 em companhia do barão de Eschwege. Assistiu e registrou um batuque 5, dizendo:
Os dançadores formam roda e ao compasso de uma guitarra (viola), move-se o dançador no centro, avança, e bate com a barriga na barriga de outro da roda (do outro sexo). No começo o compasso é lento, depois pouco a pouco aumenta e o dançador do centro é substituído cada vez que dá uma umbigada. Assim passam a noite inteira. Não se pode imaginar uma dança mais lasciva do que esta. Razão pela qual tinha muitos inimigos, principalmente os padres.

Grande batuqueiro da época foi Tibúrcio José de Santana, (década de 50, em Jaguaripe) quando, em entrevista, confirmou o nome de batuqueiros famosos com os quais conviveu e lutou 6 : Lúcio Grande (Nazaré das Farinhas), Pedro Gustavo de Brito, Gregório Tapera, Francisco Chiquetada, Luís Cândido Machado (pai de Bimba), Zeca de Sinhá Purcina, Manoel Afonso (de Aratuípe), Mansú Pereira , Pedro Fortunato , Militão, AntônioMiliano, Eusébio de Tapiquará (escravo da família Abdom em Jaguaripe). Segundo Édison Carneiro 7, ...a competição mobilizava um par de jogadores de cada vez. Havia golpes como a encruzilhada em que o atacante atirava as duas pernas contra as pernas do adversário, a coxa lisa, em que o jogador golpeava coxa contra coxa, acrescentando ao golpe uma raspa, o baú, quando as coxas do atacante davam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente.
No século XVIII, constituído de instrumentos de percussão (membranofones, idiofones), o Batuque surgiu com esta designação, em conseqüência da homologação entre os atos do .bater., verificados, tanto na forma primitiva do candomblé - o batucajé na Bahia, dança religiosa de negros ( onde os atabaques marcam o ritmo para o contato com as divindades) 8, quanto numa modalidade de capoeira, o famoso batuque-boi ou pernada (ou batuque), luta popular de origem africana muito praticada nos municípios de Cachoeira, Santo Amaro e Salvador, acompanhada de pandeiro, ganzá, berimbau ( o único cordofone + idiofone, como exceção), e cantigas. É de procedência banto como a capoeira....................... Segundo João Mina, grande batuqueiro e capoeirista baiano que se mudou para o Rio de Janeiro: .o Batuque era praticado por negro macumbeiro, bom de santo, bom de garganta e principalmente bom de perna para tirar o outro da roda. 10. Todos os dias no Morro da Favela (onde nasceu o samba, no Rio) havia Batuque, pernadas, pessoas caídas no chão até que surgisse a polícia. Na chegada dela, o batuque rapidamente virava meio dança lenta, meio ritual. As mulheres dos batuqueiros, para disfarçar, entravam na roda (tal qual a gira dos candomblés) e, num batuque mais lento, mole, com remelexos, trejeitos sensuais e umbigadas (= semba, em Loanda) no sexo oposto, - sendo estas consideradas o ponto culminante da dança -, demonstravam estar se divertindo. Segundo Elias Alexandre da Silva Correia 11, .o batuque é uma dança indecente que finaliza com umbigadas..
Conforme citação de M. de Araújo, os fazendeiros que também viam no Batuque uma dança
ritual da procriação, .fingiam que não viam pois tinham grande interesse em aumentar o
número de escravos. 12 .
Assim nasceu o samba-de-roda na Bahia. Mistura de um batuque com as mulheres das rodas dos candomblés , com outro batuque representado pelos homens das capoeiras. É em virtude desta fusão que, ainda nos dias atuais, verificamos ser o samba-de-roda a única modalidade de samba em que a presença do berimbau se faz notar e é tocado, tradicionalmente, quando há mulheres presentes na roda. Quando a polícia se retirava, recomeçava o batuque bravo quando caprichavam na capoeiragem, com pernadas violentas, soltando .baús., .dourado., .encruzilhada., .rabo-de-arraia., que tiravam os conflitantes da roda. Corte difícil de defender para um batuqueiro era o da .tiririca. com o seguinte canto puxado pelo mestre: .tiririca é faca de cortar / quem não pode não intima /deixa quem pode intimá.. Um pé ficava no chão e o outro com violência, no pé do ouvido do adversário. Em conseqüência da tiririca = faca , surgiu no samba-de-roda o raspado de pratoe .faca., do modo dos reco-recos raspados nas batucadas.
http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/34/GT2-_FOLKCOM-_04-_Fundamentos_da_Cultura_Musical_-_Nicia.pdf

2 comentarios:

  1. Na obra Mestre Bimba (Moura, 1993, p. 40), segundo João Mina, grande batuqueiro e capoeirista baiano que se mudou para o Rio de Janeiro: “o Batuque era praticado por negro macumbeiro, bom de santo, bom de garganta e principalmente bom de perna para tirar o outro da roda”. Segundo Silva Correia (1937), “o batuque é uma dança indecente que finaliza com umbigadas”. Dança de origem africana, conforme cita Maynard de Araújo (s/d., p. 60), do ritual da procriação, “foi severamente proibida, na época colonial, pelos padres. Mas, os fazendeiros fingiam que não viam, tinham grande interêsse em aumentar o número de escravos” .Todos os dias no Morro da Favela, no Rio, havia Batuque, pernadas, pessoas caídas no chão até que surgisse a polícia. Na chegada dela, o Batuque rapidamente virava meio dança lenta, meio ritual.
    As mulheres dos batuqueiros, para disfarçarem diante da polícia, de modo análogo ao que já era praticado na Bahia, entravam na roda formada tal qual a gira dos candomblés baianos e, num batuque mais lento, mole, com remeleixos, trejeitos sensuais, e umbigadas no sexo oposto (denominadas “semba”, em Loanda), consideradas o ponto culminante dessa manifestação significante, demonstravam estarem ‘girando’ numa prática ritualística.
    Quando a polícia se retirava, recomeçava o Batuque bravo onde caprichavam na capoeiragem, com pernadas violentas, soltando “baús”, ”dourado”, “encruzilhada”, “rabo-de-arraia”, que tiravam os conflitantes da roda. Foi desse modo que nasceu o samba-de-roda na Bahia, em fins do século XIX, como primeira modalidade de Samba (em 4/4) surgida no Brasil. Era conseqüente da mistura de um batuque com mulheres dos candomblés , com outro batuque formado por homens das capoeiras. É em virtude dessa fusão que, ainda nos dias atuais, verificamos ser o samba-de-roda a única modalidade de samba em que a presença do berimbau se faz notar e é tocado somente quando há mulheres presentes na roda de capoeira.
    GRIFO: http://www2.metodista.br/unesco/1_Celacom%202009/arquivos/Trabalhos/Nicia_Batuque.pdf

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  2. “[Cópia do Ordem do Dia]”, 10 de abril de 1814, BNRJ Ms. II 34,6,57. Esta ordem proibia certas formas de dança de batuque, mas permitia outras reuniões africanas e afro-brasileiras e foi vigorosamente contestada por senhores baianos.

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