lunes, 18 de enero de 2010

AS BAIANAS NA FESTA DA PENHA


AS BAIANAS NA FESTA DA PENHA

Transcrito por Luiz Edmundo em seu livro O Rio de Janeiro do meu
tempo

foto: Em primeiro plano, de pé, da esquerda para a direta, João Pernambuco, de chapéu
branco, segurando o violão; Patrício Teixeira, de terno branco; Pixinguinha com a flauta e Caninha, com o cavaquinho. Festa da Penha, 1912. Arquivo José Leal.
----------A presença dos negros transformaria a festa, que começara a ser celebrada no dia da Natividade de Nossa Senhora, 8 de setembro, ainda no final do século XVIII, para depois ser transferida para o primeiro domingo de outubro, em virtude das chuvas que invariavelmente caíam na antiga data. Já depois da metade do século XIX, quando a festa passa a se estender por
todos os domingos de outubro
, ao lado dos portugueses que comiam e cantavam seus fados na grama, estimulados pelo vinho generoso nos tradicionais chifres de boi ou pela cerveja preta
“barbante”, começam a se ouvir os sambas de roda dos negros animados pela “branquinha” nacional, a se armar batucadas “em liso” ou “pra valer” jogadas pelos capoeiristas, principalmente quando a noite caía e subia a temperatura etílica da festa. A festa portuguesa era organizada pela comissão de festejos da Irmandade da Penha, a missa solene, as cerimônias de bênção e as barraquinhas de prendas, jogos e comidas, a que se juntaria o ritual e o espetáculo do cumprimento de promessas que faziam penitentes infatigáveis subir os 365 degraus que levam ao santuário. Venda de quadros e medalhas alusivas, de comidas típicas portuguesas no arraial embandeirado, jogos e apresentações de músicos e dançarinos, caracterizam desde cedo a festa que se constitui numa das alternativas de divertimento popular na cidade, festejos a que a chegada dos negros dá nova vitalidade. Num artigo de jornal em Juiz de Fora, Raul Pompéia
descreve a festa do ano da Abolição: [pg. 108]
fuente: “Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro” (FUNARTE, 1983) de Roberto Moura http://viciadosemlivros.blogspot.com/2008/01/lanamento-digital-source-roberto-moura_13.html

1 comentario:

  1. No Batuque, um golpe difícil de defender para um batuqueiro (capoeirista) era o acompanhado do corte da “tiririca” (= faca), com o seguinte canto puxado pelo mestre: “tiririca é faca de cortar / quem não pode não intima / deixa quem pode intimá”. Um pé ficava no chão e o outro, com violência, no pédo- ouvido do adversário.
    Em conseqüência da tiririca, surgiu no samba-de-roda o raspado de prato e “faca”, no modo dos reco-recos raspados nas batucadas. Conforme A. Maynard de Araújo (s/d., p. 60, 165), um último tipo de Batuque bravo (dança-luta) é o bate-coxa em Alagoas, na cidade de Piaçabuçu, praticado exclusivamente por negros tanto no passado como no presente. Dois disputantes sem camisa, só de calção, aproximam -se e colocam peito com peito, apoiando-se mais nos ombros. Soa a música... “são horas de eu virar negro/eh! boi.../Minha gente venha ver/com meu mano vadiar/, eh!Boi.../são horas de eu virar negro/tanto faz daqui pr’ali/como dali pr’acolá/ eh! Boi.../são horas de eu virar negro”. Afastam a coxa o mais que podem e quando escutam o coro cantar eh! Boi...., chocam -se num golpe rápido, coxa direita com a direita do adversário. Repetem a esquerda chocando bruscamente ao ouvir o eh! Boi...Perde quem desistir, sentir-se vencido ou levar uma queda após a batida.O canto é acompanhado por um tocador de reco-reco.
    O Batuque tinha movimentos traumatizantes, desequilibradores como um treinamento para confrontos de guerra, acompanhados por instrumentos, acordes, palmas, cânticos. Na crônica de Antônio Viana (1928), “o batuqueiro não cantava. Dava uma segura e rápida rasteira desequilibrando o adversário que, ereto, firme, imperturbável, esperava a queda”.
    Em J. Muniz Júnior (l976, p. 66), uma das variações do Batuque de Angola foi o samba-deroda que recebeu, na Bahia, denominações regionais como: “samba partido alto”, “corrido”, “chulado”, “batido”, “letrado”, “de balaio”, “da chave”, “miudinho”, “bole -bole”, “separa-o-visgo” , “apanha-o-bago”, “corta-jaca”, “bate-baú”, que deram origem ao “samba à baiana” ou “partido-alto”.

    GRIFO: http://www2.metodista.br/unesco/1_Celacom%202009/arquivos/Trabalhos/Nicia_Batuque.pdf

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